segunda-feira, 1 de março de 2010

Pizza, propaganda e explicações para mamãe

Várias e várias vezes eu tentei explicar pra minha mãe o como é o cliente reprovando o trabalho criado pra ele e a frustração para o criativo. Ué, o cliente sempre tem a razão, não tem? É com essa pergunta que a minha mãe replica. Mas consegui chegar a um ponto que ela pelo menos deixou o “cliente tem sempre a razão” de lado, por uns 5 minutos.

Se é para usar exemplos associativos, vamos fazer o pedido de criação de uma campanha publicitária como se fosse um pedido de pizza pelo telefone. Os papéis:

Pizzaria – Agencia de publicidade
Pizzaiolo – dupla de criação
Pizza – a campanha
Atendente do telefone – atendimento
Motoboy – o e-mail
Cliente - cliente

Vamos lá. Tudo começa na pizzaria quando o telefone toca.
Atendente: cliente solicitou uma pizza calabresa tamanho gigante, e por favor fatiada.
A pizza é montada e vai pro forno. Minutos depois, ela está na caixa a caminho do cliente faminto. Momentos depois, volta o motoboy com a pizza na mão.

Motoboy: O cliente não gostou do layout da pizza, porque há rodelas de lingüiça que estão cortadas em duas partes e em diferentes fatias. Cliente pede que as rodelas de calabresa estejam inteiras, dentro das fatias.

O pizzaiolo estranha o pedido, mas acata a decisão. Descobre que pode fatiar a pizza antes de adicionar as rodelas de calabresa sobre a massa. E o processo repete: forno, caixa, moto e pra casa do cliente.

E mais uma vez, volta o motoboy com a pizza.
Motoboy: O cliente gostou das rodelas de calabresa inteiras. Mas pede que o molho de tomate seja espalhado sobre o queijo, e não sob, já que todos fazem assim.

Mais uma vez o pizzaiolo estranha o pedido. Mas para não perder o cliente, abre-se a massa, coloca o queijo, o molho de tomate sobre o queijo e relembrando o pedido de mudança anterior, fatia a pizza e joga as rodelas de calabresa sobre a massa, respeitado as áreas das fatias. E mais uma vez, forno - caixa de pizza – moto e pra casa do cliente, que mais uma vez manda a pizza de volta.

Motoboy: O cliente adorou a pizza, até que a esposa reclamou porque ela não gosta de triângulo isósceles. Cliente solicita que as fatias tenha forma de triangulo retângulo, já que a esposa é fã de carteirinha do teorema de Pitágoras.

O pizzaiolo pasma com o pedido. E pra dar uma acalmada, vai dar uma navegada na internet, até que acha uma foto de uma pizza romana. Eureka! A pizza romana não é circular, é retangular. Dá para cortar as fatias em formato de triangulo retângulo. Agora abre-se a massa retangular, queijo, molho de tomate sobre o queijo, fatias triangulares retangulares e as rodelas de calabresa layoutadas dentro das fatias. E o pizzaiolo feliz da vida com a solução dada ao problema. Forno – caixa de pizza – moto e pra casa do cliente.

E para desespero total do pizzaiolo, volta o motoboy com a pizza.

Motoboy: o cliente achou que uma pizza quadrada é muito clichê e solicitou que a massa fosse redonda, e com as fatias em formato de triangulo retângulo. E que é pra fazer do jeito que ele quer, senão ele faz o pedido para uma outra pizzaria.

O pizzaiolo já não sabe mais o que fazer. Negociar prazo para achar a solução de como fatiar uma pizza redonda em fatias triangulares rentagulares? Nem pensar, até que no auge do stress, o pizzaiolo abre a massa, joga de uma vez o molho de tomate, o queijo e a rodelas de calabresa. Dobra a massa como se fosse um pastel, melhor, faz da pizza um calzone. Forno – caixa de pizza – moto e pra casa do cliente.

E o motoboy volta, mas com o dinheiro na mão. A cara não é boa porque não ganhou gorjeta. Mas o que importa é que a refeição foi o cliente.

Motoboy: O cliente gostou do calzone. Era exatamente o que ele queria. E disse que em breve fará um novo pedido.

Mamãe, se vc conhece alguém que já pediu pizza desse jeito, eu aceito com honras o seu “o cliente tem sempre a razão”.